segunda-feira, 16 de maio de 2011

Vai passar, vai passar...

Olha, vou te contar: nessas últimas semanas, a vida por aqui anda boa, mas nada fácil.

Ando muito desastrada, mais do que o normal. Não consigo manter um objeto em minhas mãos por cinco minutos. Elas estão furadas, ou como diria minha avó, ando dormindo com elas no "bumbum". Um fato: meus óculos foram parar dentro da privada, após o xixi...

Parece que meu cérebro está em modo slow, e sempre primei pela minha memória e organização. Esqueço de comprar o lanche da escola, esqueço sapatos pelos lugares (no plural mesmo), esqueço de dar recados importantes e urgentes. Só não esqueci ninguém pelo caminho, ainda. Mas aviso que isso ainda pode acontecer!

Fico horas a fio acordada, de madrugada (como agora, 3:40), e outras mais querendo (mas não podendo) dormir, durante o dia.

Ando tão nervosa, tão irritada, tão no limite, que tenho até saudades das minhas TPMs. Chorei com uma reportagem sobre a ciclofaixa em SP e surto com detalhes que até me envergonharia de confessar...

Meu estômago anda alternando entre três estados básicos: um buraco como se nunca tivesse comido na vida; um enjôo como se tivesse comido o mundo (e por isso preciso colocá-lo para fora); uma azia que me dá a certeza que engoli um dragão sem perceber, e ele está em plena atividade. Que saudades de uma relação normal entre meu corpo e meu aparelho digestivo...minha boca, em alguns momentos, deve ter mais água que uma piscina de clube.

Tudo isso deve se explicar pelo fato de eu estar grávida, certo?

Mas vou falar a realidade para vocês: nesse momento, só consigo pensar na gravidez como um processo ruim para chegar ao amado produto final (a Elisa me faz acreditar que não estou sozinha nessa). Não posso pular essa fase?

Nada de me sentir plena, cabelos e peles maravilhosos, momento mágico. Dá pra começar a gravidez depois dos enjôos e terminá-la antes de não ter mais posição pra dormir? Não? Não inventaram isso ainda? Então, sigo com um mantra: vai valer a pena, vai valer a pena, vai valer a pena. Eu já sei que vai.

domingo, 8 de maio de 2011

As mudanças boas (e as que não queríamos)

Um fato inquestionável depois de ser mãe é o quanto mudamos.

É claro que há mudanças positivas: passei a me alimentar muito melhor; quase nunca falo palavrões (e confesso que era capaz de formar uma frase completa só com eles); ao apresentar o mundo para meu filho, voltei a ver brilho em coisas simples, através de seus olhos.

Tantas coisas mudaram, milhares delas... Tenho certeza que todas nós temos mil exemplos, e nem precisamos fazer muito esforço para nos lembrar de algum.

No entanto, gostaria mesmo é de falar sobre o que não queríamos ter mudado. Será que se fizermos isso a culpa grudará em nosso pescoço, e sugará nossa energia? De qualquer forma, serei honesta sem pensar na patrulha.

Eu não queria ter que dormir e acordar em horários tão prosaicos; adoraria poder dormir tarde, acordar tarde; acordar cedo num domingo é triste... Também gostaria de comer besteiras de vez em quando, mas se estou em sua companhia, me sinto mal por não dar o melhor exemplo (apesar das refeições caseiras e nutritivas em 95% das ocasiões); queria conseguir equilibrar a balança entre trabalhar e ser mãe; não queria ter abandonado minhas saídas culturais, meus bate-papos adultos com amigos, sem falar de filhos; sinto falta de momentos de solidão sem pressa. Queria não sentir tanta culpa.

Enfim, há mil coisas que não queria ter mudado, mas não estou reclamando. Porque a natureza é sábia demais, e para superarmos inúmeras renúncias e mudanças, só mesmo um amor desse tamanho, tão incondicional, tão absurdo, que só aumenta a cada dia. Sendo esse AMOR assim, realmente tudo se justifica. E mesmo quando acordamos cedo, ou não conseguimos ver um filme, ou não gastamos conosco, e sim, com eles, ainda assim, os dias são muito especiais. Porque a sensação que temos é que a nossa vida, antes dos filhos, não era completa.