Como anunciei há algumas semanas, fiz uma entrevista com a Dra. Cibele Fabichak, autora do livro Amor, Sexo, Endorfinas & Bobagens, e leiga que sou em fazer entrevistas, perguntei aquilo que mais me deixa curiosa nesses assuntos de amor e do nosso corpo. Como fiz várias perguntas, dividi a entrevista em duas partes. Logo menos publico a 2ª parte!
Seria correto dizer que a gente "emburrece" quando se apaixona?
Mais do que emburrece, a paixão "cega". Quando o desejo sexual e a atração física começam a aproximar duas pessoas, o cérebro de ambas começa a produzir vários hormônios e substâncias que provocam os sinais característicos da paixão: euforia, sensação de felicidade, energia aumentada, insônia, tremores, palpitação, respiração ofegante e a valorização somente das qualidades do parceiro. As pessoas não enxergam os parceiros como seres reais com defeitos e fraquezas, mas somente veem as qualidades. Mais do que o amor, quem cega, realmente, é a paixão. O efeito “cegueira” da paixão é biológico e ocorre com todos os apaixonados, independente da idade, raça, cultura, opção sexual, religião, educação ou status social. Isso ocorre porque certas áreas do cérebro são ativadas, tais como o centro do prazer situado em parte no sistema límbico – nossa “central das emoções” – e outras são inativadas ou “bloqueadas”, tais como partes do córtex pré-frontal, responsável pelo julgamento crítico. As endorfinas, a oxitocina - hormônio produzido no cérebro, principalmente, durante o contato mais íntimo do casal, como o sexo, e o beijo - parecem ser algumas das substâncias capazes de “ligar” os circuitos do prazer e “desligar” os circuitos do julgamento crítico.
É verdade que a paixão tem prazo de validade? Qual seria esse prazo?
Sim. A ciência tem comprovado através de estudos que mapeiam o cérebro que existe um período preciso para o estado mental alterado da paixão: entre 18 e 48 meses. A média está em dois anos. Do ponto de vista biológico a paixão foi a forma que a natureza encontrou para aproximar e unir de maneira prazerosa dois seres humanos para a procriação. Isso ocorre porque desde os nossos ancestrais, a mulher pode ser fiel ao homem, o que lhe dá certeza de que os filhotes são dele. Se apaixonado, o homem pode ser fiel à mulher, o que proporciona a ela suporte e proteção para os cuidados com o bebê, ao menos até que ele se torne mais independente (por volta dos 2 ou 3 anos de idade). Portanto, a duração média da paixão abrange o período da atração, concepção, gestação e nascimento do bebê. Durante esse período o cérebro está submerso e ativado com vários hormônios e substâncias: endorfinas, testosterona, dopamina, oxitocina dentre outras. A química cerebral durante a paixão é muito semelhante ao estado de vício da cocaína, em que o prazer, a euforia e a falta de julgamento crítico em relação à cara metade são “marcas registradas” dessa fase inicial do relacionamento romântico.
Há pessoas que são viciadas em se apaixonar?
Há uma linha muito tênue entre paixão, obsessão e vício. Geralmente, mulheres ou homens com baixa autoestima, inseguros ou que já sofreram grandes perdas afetivas ou rejeições são os mais suscetíveis a apresentar tal comportamento obsessivo, também chamado de amor patológico.
Aqui está uma definição do amor patológico da psicóloga Eglacy Cristina Sophia, do Setor de Amor Patológico do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso (AMITI), do Instituto de Psiquiatria, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo: "(...) a atitude de fixar atenção e cuidados em relação ao companheiro é esperada em qualquer relacionamento amoroso saudável. Todavia, quando ocorre falta de controle e de liberdade de escolha sobre essa conduta, de modo que ela passa a ser prioritária para o indivíduo, em detrimento de outros interesses antes valorizados, está caracterizado um problema denominado amor patológico".
Gostei mas fiquei curiosa: a paixão vira amor? se sim, como? Tb tem prazo de validade?.... será que as respostas estão na segunda parte da entrevista ou tenho que comprar o livro?...rs
ResponderExcluirBjs. e parabéns Amiga!!!
Carol.
Hum...sempre falei para minhas amigas que paixão tinha uma média de 2 anos de duração...e sempre passei por isso....depois de 2 anos mais ou menos passa....
ResponderExcluirO livro todo parece ser muito bom uma vez que trata de um assunto que movimenta o mundo: o amor, as paixões e os relacionamentos. Parece, pelo que li na entrevista,a receita da combinação de vários ingredientes para um estudo mais técnico do que sentimos quando nossas emoções explicam nosso corpo ou vice-versa. Cheguei à conclusão que o meu córtex pré-frontal nunca funcionou muito bem (rs) ao menos no que diz respeito aos meus sentimentos. Bjs.da mamani.
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