segunda-feira, 28 de novembro de 2011

O que é o normal?

Na minha primeira gravidez, queria que meu filho nascesse de parto normal. Fiz tudo o que deveria, mas um detalhe muito importante me faltou: meu médico não apoiava a ideia. Mas então por quê eu fiquei com um médico que não era a favor do que eu queria? Porque em todas as consultas, sempre que eu falava sobre o parto normal, ele nunca disse que não faria. Mas no último momento, ele me pôs no soro, induziu o rompimento da bolsa, e, a grande cartada, disse que se não fizesse a cesárea naquele momento, o bebê entraria em sofrimento. É óbvio demais, certo? Fui pra cesárea, sem dúvida. Mas frustrada, porque realmente desejava que fosse normal.

Claro que o nascimento do filho apaga essa frustração, o amor invade a gente e todo o resto fica pra trás.

Grávida novamente, claro que troquei de médico: quero que seja parto normal. Por isso, troquei de médico uma segunda vez, e a primeira frase que disse ao atual foi: se não faz parto normal, pode falar abertamente, que não perco nem o meu tempo, nem o seu. Ele me garante que faz. E dá demonstrações nesse sentido, nas consultas. Então, estou aqui a aguardar o momento que o bebê quiser chegar.

Dessa vez, estou mais preparada, caso não seja possível o normal. Mas continuo na expectativa para que seja. Se não der, tudo bem, não colocarei a integridade do bebê nem a minha acima de uma ideologia.

Mas um dado me chamou atenção: no ProMatre, grande maternidade em São Paulo, meu marido perguntou à enfermeira obstetra quantos partos normais acontecem todo dia. E ela nos disse que ali, diariamente, nascem cerca de 30 a 35 crianças. Dessas, apenas 2 ou 3 são partos normais. CARAMBA!!!

Não vou ficar fazendo discurso, até porque acredito que cada um faz em sua vida aquilo que acredita ser o melhor. Não faria sentido ser diferente. Mas o índice impressiona. E cada vez é mais difícil achar um médico de convênio que faça parto normal. Hoje a realidade é a seguinte: quer parto normal? Ou vai pro SUS ou paga particular, em média R$8mil, o que para mim é muito dinheiro.

Enfim, cada um escolhe o que acha melhor, mas hoje a exceção realmente virou regra: a cesárea, uma cirurgia que foi criada para salvar mulheres que não podiam ter o parto natural, é a grande opção. E quando falo que quero parto normal, sempre ouço a mesma coisa: "Você é corajosa! Você é louca!" ou ainda: "Pra quê???"

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Mil inseguranças...

Quando engravidei pela primeira vez, já tinha pedido exoneração, não era mais funcionária pública, então não passei por tudo que passa uma grávida que está trabalhando formalmente.

Mas dessa vez  é diferente. E agora se aproxima o grande dia, e depois disso a época da licença maternidade, e depois disso, a volta.

Esse é um post que eu gostaria de escrever no anonimato, pois não estou escrevendo para fazer média com a empresa, ou nada disso. É realmente uma forma de compartilhar com outras pessoas o que estou sentindo, e que tenho certeza, encontrará ecos por aí.

Ainda trabalhando, mas já sabendo do período de afastamento e de que um dia terei que voltar, mil sensações e inseguranças passam por mim, tanto em relação ao trabalho como pela perspectiva "maternal": será que a empresa não vai mais precisar de mim? Será que, depois de tanto tempo fora, quando eu voltar ainda terei um espaço? Será que arranjarão outra pessoa para fazer o que eu faço? Vou ser mandada embora assim que voltar? Como conseguirei conciliar da melhor forma possível um bebê e o trabalho? (e nesse aspecto ainda sou muito abençoada, pois meu trabalho é mais home office que in loco). O que farei com o pequeno?

E para piorar um pouco as inseguranças, ainda tem o seguinte: adoro meu trabalho, a empresa, o que faço. Porque se eu não gostasse muito, seria mais fácil, e até se rolasse uma demissão, não seria complicado. Mas eu também adoro ser mãe e quero ser, para esse filho que está chegando, uma mãe presente, como fui para o mais velho, ou seja, amamentar até os 2 anos, não terceirizar a criação, estar disponível.

Hoje vejo como me sinto feliz trabalhando, ganhando um dinheirinho, me sentindo útil de outra forma que não como mãe/esposa. E sei que seria difícil, de verdade, perder esse emprego. Não gostaria que isso acontecesse. O que sinto é o seguinte: queria realmente conseguir estar disponível e presente nos dois papéis, e exercê-los da melhor forma possível.

Sei que pensar nisso agora, e pior, sofrer com isso, não vai resolver ou mudar nada do que acontecerá. Então sigo fazendo o que está ao meu alcance, e tentarei administrar o que virá.

Boa sorte para todas nós, que administramos tantas coisas ao mesmo tempo!