Na minha primeira gravidez, queria que meu filho nascesse de parto normal. Fiz tudo o que deveria, mas um detalhe muito importante me faltou: meu médico não apoiava a ideia. Mas então por quê eu fiquei com um médico que não era a favor do que eu queria? Porque em todas as consultas, sempre que eu falava sobre o parto normal, ele nunca disse que não faria. Mas no último momento, ele me pôs no soro, induziu o rompimento da bolsa, e, a grande cartada, disse que se não fizesse a cesárea naquele momento, o bebê entraria em sofrimento. É óbvio demais, certo? Fui pra cesárea, sem dúvida. Mas frustrada, porque realmente desejava que fosse normal.
Claro que o nascimento do filho apaga essa frustração, o amor invade a gente e todo o resto fica pra trás.
Grávida novamente, claro que troquei de médico: quero que seja parto normal. Por isso, troquei de médico uma segunda vez, e a primeira frase que disse ao atual foi: se não faz parto normal, pode falar abertamente, que não perco nem o meu tempo, nem o seu. Ele me garante que faz. E dá demonstrações nesse sentido, nas consultas. Então, estou aqui a aguardar o momento que o bebê quiser chegar.
Dessa vez, estou mais preparada, caso não seja possível o normal. Mas continuo na expectativa para que seja. Se não der, tudo bem, não colocarei a integridade do bebê nem a minha acima de uma ideologia.
Mas um dado me chamou atenção: no ProMatre, grande maternidade em São Paulo, meu marido perguntou à enfermeira obstetra quantos partos normais acontecem todo dia. E ela nos disse que ali, diariamente, nascem cerca de 30 a 35 crianças. Dessas, apenas 2 ou 3 são partos normais. CARAMBA!!!
Não vou ficar fazendo discurso, até porque acredito que cada um faz em sua vida aquilo que acredita ser o melhor. Não faria sentido ser diferente. Mas o índice impressiona. E cada vez é mais difícil achar um médico de convênio que faça parto normal. Hoje a realidade é a seguinte: quer parto normal? Ou vai pro SUS ou paga particular, em média R$8mil, o que para mim é muito dinheiro.
Enfim, cada um escolhe o que acha melhor, mas hoje a exceção realmente virou regra: a cesárea, uma cirurgia que foi criada para salvar mulheres que não podiam ter o parto natural, é a grande opção. E quando falo que quero parto normal, sempre ouço a mesma coisa: "Você é corajosa! Você é louca!" ou ainda: "Pra quê???"