terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma mãe brasileira no meio de um furacão (de verdade!)


Convidei uma amiga que mora em Nova Iorque com a família para falar sobre como um evento tão diferente para nós, brasileiros, impactou sua vida e seu ponto de vista, como mãe, de toda essa história do Irene. 

Com a palavra, minha amiga Suzana (Sú, adorei!):

"Moro em Nova Iorque há cinco meses. Meu marido veio trabalhar e vamos ficar aqui um ano. Temos uma filha de dois anos, que atualmente está de ferias da escolinha.
Aqui as babás são muito caras e as empregadas também. Então neste período de três semanas de férias, tenho de me dividir entre os cuidados da casa, comida e os cuidados com a minha querida. Não é nada fácil. Quem é mãe sabe.
As férias começaram na segunda-feira, dia 22 de agosto. E no dia seguinte, após sentir um terremoto de 6 pontos na escala Richter e colocar a informação no Facebook, fico sabendo que é esperada a passagem de um furacão por aqui para o final da semana.
Não tenho muitos problemas com terremotos. Já morei no México, onde passei por vários deles. Só que jamais esperei senti-los aqui! Minha filha estava tirando sua soneca vespertina e eu no computador tentando colocar as minhas coisas em dia. De repente, tremeu. Na hora, várias coisas passaram pela minha cabeça. “É um terremoto? Não pode ser.” “Estou sozinha com ela em casa. E se acontecer algo mais sério?” Mas, a terra tremeu e parou. E ela continuou dormindo, como se nada tivesse acontecido.
E a semana transcorreu sem maiores intercorrências. Até a tarde de sexta-feira. Às duas horas recebo uma ligação do meu marido dizendo que estava vindo para casa para prepará-la. Como? É, é isso mesmo. Lembrei então da Dorothy e do Totó. E de Oz. E da minha infância, tão leve e sem problemas. Estes problemas de adultos que não chegam nas crianças.
Meu marido então chega em casa carregado. Garrafas de água, mantimentos, papel higiênico, papel toalha. Latas, muitas latas. Atum, sardinha, frango, ervilha e milho. Confesso que a partir daí comecei a entrar em pânico. Poderia ser diferente. Eu poderia ser indiferente. Se o furacão passasse e a luz acabasse poderíamos encarar a situação como algo romântico. Mas o cenário é diferente. Afinal, temos uma filha que adora televisão, tem que tomar banho quente, e, sobretudo, tem restrições alimentares severas. Ela nasceu com refluxo gastro-esofágico e tem alergia à proteína do leite de vaca. Não come nada que contenha leite e toma, desde os dois meses de vida, um leite especial. Como alimentar uma criança nestas condições, sem luz e sem água? Por aqui, quando acaba a luz, acaba a água. Daí a razão do pânico.
Começamos então a preparação da casa. Temos um closet na entrada do apartamento que não tem janelas e, portanto, foi considerado o lugar mais seguro. Lá montamos nosso abrigo anti-furacão. Tudo o que poderíamos precisar, caso alguma janela quebrasse, foi posto lá. Todos os objetos importantes que ficam na parte inferior dos armários foram retirados (caso a água entrasse). Enfim, sexta-feira e sábado foram dedicados à Irene e à destruição que ela iria causar. Ouvindo as notícias, o pânico aumentava. Decidi que a minha querida não dormiria sozinha no quarto. Então em um arroubo de “A Vida é Bela” (guardadas as devidas proporções) inventamos um acampamento no sofá-cama da sala. Ela adorou. Para ela, dormir na sala com os pais foi uma diversão tão grande que não dormia de jeito nenhum! 
E eu vendo a chuva começar e os relâmpagos no céu… E o pânico aumentava. Mas a noite passou. Com muita chuva… Muito vento… Às 6:30, acordei e começamos a ouvir o rádio. Corri para o banheiro para dar o último banho quente na minha filha. A passagem da Irene por Nova Iorque estava prevista para o começo da manhã. Esquentamos o seu almoço e colocamos em uma maleta térmica. Com isto, se a luz acabasse, pelo menos mais um almoço dela estaria garantido. E a verdadeira tempestade veio. E com ela o medo. Mas da mesma forma que ela veio, ela se foi. E o medo também. Aqui em casa não aconteceu nada sério. Sequer acabou a luz.
Será que exageramos? Já ouvi muito isso de lá para cá. Pessoas rindo de nós e dizendo que os americanos são uns loucos. Não tiro a razão daqueles que estão confortavelmente sentados em seus sofás no Brasil vendo a CNN.  É verdade. Eles são. Só que a situação não pode ser analisada por este ângulo. Jamais pensarei por este lado. As pessoas que não vivem as situações não podem julgar e no momento as atitudes que tomamos pareceram as mais corretas. Afinal, melhor prevenir do que remediar. É velha a fábula da cigarra e da formiga.
A prioridade ao “montar” e “desmontar” a barricada sempre foi a nossa filha. Suas necessidades e a impossibilidade de deixar que lhe faltasse algo.
Como a Irene eu sei que outros furacões passarão em nossas vidas. E, nesse sentido, tenho a consciência tranqüila de que fiz o máximo para que a Helena não percebesse o transtorno. Como mãe, senti que esse era o meu dever. E o que ficou foi um pedido de “campamento” todas as noites antes de dormir. E a lição que os homens não podem se esquecer nunca: a mãe natureza é sábia e forte, é uma mãe independente que não obedece ordens de ninguém, muito menos do ser humano."


quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Estudar vale a pena!

Sempre fui CDF. Sou uma curiosa inata, e acredito que estudar é uma forma de saciar um pouco essa curiosidade, e sempre me deu prazer perceber que estava adquirindo conhecimento sobre algo que antes eu nem sabia o que era, ou como funcionava.

Ainda no ginásio, em 1991, morando em Santana, uma professora da 8ª série me indicou uma tal de rede "ETE", que fazia parte da FATEC. A ETE formava técnicos, no colegial. Eu li o folheto, vi uns endereços, uns cursos, e lá fui eu pro Ipiranga, quase em Santos (era o que parecia, à época), fazer o "vestibulinho" para Nutrição & Dietética, que não tinha nem ideia que era tão concorrido e prestigiado.

Passei! Ótimo! Agora era "só" pegar 4 ônibus por dia, e ainda andar mais um monte, ou pegar "apenas" 2, e andar quase 1 hora para ir mais outra para voltar, porque de Santana pro Ipiranga a coisa não era fácil.

Mas como tudo pode piorar, no final do 2° ano me mudei para Jundiaí. Mas não quis desistir da GV, da Nutrição, do curso. Então eu saía de Jundiaí lá pelas 9 da manhã, para conseguir chegar à GV antes das 13h. Almoçava na marmita, e quando saía do colégio, lá pelas 19h, lá ia eu pro Tietê fazer tudo de novo...É claro que muitas amigas (que estão em minha vida até hoje!) me ajudavam. Dormi na casa de muita gente, nessa época. 

Muitos não entendiam o porquê de tanto sacrifício: "muda de escola", "estude em Jundiaí", "desista do curso". Mas eu não desisti, e estudei os 4 anos do colégio técnico, pois era assim que funcionava. Depois de formada, nunca consegui trabalhar na área. Fui dar aula de informática, escrevi livro de Access, depois fui trabalhar com varejo, e-commerce, fiz faculdade de Direito e trabalhei no Ministério Público Federal.

Ou seja, a Nutrição, como carreira, nunca funcionou para mim. Mas eu agradeço e me orgulho muito por nunca ter desistido, apesar de todas as dificuldades. Porque se não fosse a Nutrição não teria feito meu longo estágio na Unisys (1 ano), onde aprendi muito sobre informática, e não teria arranjado meu emprego na Data Byte para dar aula de MS-DOS e escrever uma apostila sobre aquele tal de "Windows 95", e tudo o que veio depois disso. 

E a Nutrição nunca se perdeu, pois até hoje uso os conhecimentos que obtive para mim, minha família e até para dar "dicas" para quem pede.

Então, se eu pudesse, diria a toda essa molecada que pensa em largar os estudos: "NÃO DESISTAM! AO CONTRÁRIO, SE ESFORÇEM MAIS!". Como não posso, deixo aqui a prova de que, na minha vida, estudar fez toda a diferença!!!

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Só um casal vale?

Entrando no 6° mês de gravidez, descobri que serei mãe de mais um menino! E fiquei muito feliz com a notícia, além de ficar muito tranquila por ver que está tudo bem com o bebê.

Mas resolvi escrever esse post desabafo porque acho que o que estou passando, e ainda vou passar, não deve ser exclusividade minha. Como meu primeiro filho é um menino, todas as pessoas, quando me viam grávida - mesmo as que não me conheciam antes - diziam: "Ah, tomara que agora venha uma menina!".

Vejo nas pessoas para as quais conto que é um menino, um ar de decepção. E isso me chateia, me incomoda. Qual o problema de ser mais um menino? Por que TINHA que ser uma menina? Só as famílias que têm um casal são "completas"? 

Essas cobranças e padrões impostos me incomodam muito, sempre me incomodaram, e um dia escreverei apenas sobre isso. 

Conheço mães de 3 meninos que ainda ouvem "Vocês vão continuar tentando uma menina?". O que é isso, minha gente? Eu PRECISO ter uma menina, para ser uma mãe "de verdade"? Apenas um casal garante a felicidade ou a completude? Quem disse que EU, como mãe, seria mais feliz sendo mãe de um casal, e não de dois meninos? Acredito que as mães de 2 meninas também passem por isso, claro. 

Então, por favor, vamos nos concentrar no que é mais importante: cada um é feliz do seu próprio jeito, e da sua forma, e mais do que isso: a vida é sábia (ou Deus, se você acredita Nele), e dá a cada um aquilo que lhe é merecido, desejado e buscado, sejam dois meninos, duas meninas, um casal, apenas um ou nenhum filho, um papagaio, uma bicicleta, ou seja lá  o que for. Sejamos felizes, todos nós!!!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Processar quem?

A notícia de inserção, na nossa Constituição, do direito à felicidade, me fez pensar. A proposta é do Senador Cristovam Buarque, político que admiro. Pelo que li, a ideia dele não é inserir o direito à felicidade, e sim, como na Constituição americana, o direito à procura da felicidade como essencial ao ser humano.

Mas o jornal apresentou a ideia questionando o seguinte: felicidade é direito ou conquista? O que também tem a ver com um texto da Eliane Brum muito comentado na internet, e que também gostei demais.

Para mim, felicidade não é direito, nem nunca vai ser. Felicidade é conquista, e das grandes, principalmente pelo fato de que ninguém pode chegar lá, além do próprio interessado. Mas também não é obrigação, o que parece estar na moda.

Se somos ou não felizes, ninguém pode nos ajudar nisso. Assim como não podemos responsabilizar o outro, pela falta da felicidade. 

Isso é um aprendizado de vida. Para mim, ao menos. Porque já tive épocas de acreditar que alguém poderia me ajudar a ser feliz. É claro que há pessoas que nos fazem e nos deixam felizes, assim como há outros que parecem servir apenas para nos lembrar como a vida pode ser difícil.

Acredito que a felicidade, assim como o sentido da vida, é um dos grandes mistérios que estamos aqui para entender. Talvez nunca entendamos, ou melhor ainda, continuemos com dúvidas até nosso último suspiro.

Mas que a felicidade é algo totalmente individual, na conquista, sobre isso eu não tenho mais nenhuma dúvida. E você, o que acha da "tal" felicidade?