quarta-feira, 22 de junho de 2011

A gente pode se reapaixonar? E quando tudo dá errado?

Eu também queria saber como funciona nosso corpo quando a paixão acaba (ainda me lembro das dores de amores), como uma paixão vira amor, e para um ser como eu, que há mais de uma década ama a mesma pessoa, o que podemos fazer para sempre se reapaixonar! Espero que tenham curtido a entrevista, o assunto é realmente fascinante!


Pode-se explicar do ponto de vista fisiológico o fato de algumas paixões virarem amor, e outras não?
Em parte a fisiologia pode explicar: cada vez que há sexo, principalmente, (ou vivências de intimidade e intenso convívio ou o partilhar de experiências) entre o casal, ocorre liberação de oxitocina (também chamado de hormônio do amor) (mais na mulher do que no homem; e também de vasopressina mais no homem do que na mulher) e, consequentemente, há maior atividade de dopamina no cérebro, especialmente nas regiões de sensação de prazer e recompensa. Essa repetição de liberação de oxitocina e do­pamina reforçam positivamente a ligação entre os parceiros e os con­dicionam a buscar mais sexo, o que contribui para criar uma união forte e estável entre casal. Aliás, durante e após o orgasmo, tanto em homens como em mulheres, os níveis de oxitocina alcançam o seu pico  e podem ter a função de estreitar o laço emocional entre os parceiros. Com isto, a oxitocina também tem sido chamada ultimamente como hormônio da confiança e do afeto. Ela serviria, aparentemente, como base para a confiabilidade, o que provavelmente facilitaria a aproxi­mação e intimidade.
Quanto à “incapacidade” ou dificuldades em manter um relacionamento duradouro, novamente, diversos elementos entram em jogo (tanto físicos, quanto psicológicos, culturais, sociais, ambientais, dentre outros). Contudo, um estudo recente (2008) realizado no Instituto Karolinska, na Suécia, constatou que homens com uma determinada variação genética que repercutia na função dos receptores de vasopressina (com redução destes) no cérebro, apresentavam duas vezes mais crises no relacionamento, com ou sem traições, além de que as parceiras também se queixaram de maior insatisfação no relacionamento. Os pesquisadores concluíram que os homens com tal variação dos genes realmente têm um comportamento social mais distante, frio e insensível. Isto poderia ser um dos elementos, dentre tantos, em algumas pessoas, que poderiam explicar a dificuldade em construir vínculos duradouros. Mas, por  enquanto, são somente hipóteses...
É possível se apaixonar mais de uma vez pela mesma pessoa?

Sim, é possível! Entretanto, esta "retomada" da paixão, o “reapaixonar-se”, do ponto de vista biológico, tem que apresentar certas "condições psíco-biológicas" favoráveis para o reinício do estado da paixão. Pesquisadores têm afirmado que a paixão, por ser um estado de profundas alterações cerebrais e hormonais, poderia ocorrer, preferencialmente, naquelas circunstâncias de "extremos de vivências emocionais", em que a química cerebral (seja por situações de grande felicidade ou de infelicidade) se aproxima a da paixão. (Lembremos que as respostas neuroendócrinas da paixão e do estresse são muito semelhantes...). Por exemplo, no início de um novo trabalho, mudança de cidade ou país, nascimento de um filho, divórcio, depressão, solidão, celebração de sucesso, uma viagem de férias etc.
Não podemos esquecer que a "química dos 5 sentidos (visão, olfato, audição, toque, paladar (beijo) da atração sexual" deve entrar em ação no tal reencontro. E, por fim alguns ingredientes psicológicos devem estar presentes nesse "reapaixonamento": a memória positiva dos “bons tempos”, a admiração pelo parceiro, a esperança de tê-lo novamente e uma certa dose de insegurança para ser "aceito"  (como no  famoso joguinho do “se fazer difícil”: “querer e não querer” ou "frio e quente"). 

E, quando tudo dá errado, aquele sentimento de "nunca mais vou gostar de ninguém", é legítimo? Naquele momento, é uma forma que o organismo encontra para se proteger, tal como as descargas de adrenalina quando estamos em perigo?
Quando há um rompimento amoroso o ódio pode tomar conta da situação, e para a neurobiologia do amor, ele parece ter um papel importante de estimular ativamente o afastamento da pessoa ex-amada, no sentido de se evitar entrar novamente nos ciclos de "reativação da paixão" ou  vivenciar as famosas "recaídas pós-rompimemto". O ódio ou sentimento de  "nunca mais vou gostar de ninguém" são, provavelmente, gerados por maior atividade de áreas cerebrais do córtex-frontal da lógica e do raciocínio com o intuito de "apagar" a imagem positiva e prazerosa do ex-amado e, assim, tornar mais suportável a passagem para uma nova fase de reconstrução do rompimento do vínculo.


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