No começo, resisti. Não queria admitir que precisava de você, e tinha medo do que isso poderia me causar. Mas os conselhos me fizeram ceder. No começo não senti nenhuma mudança, mas depois as alterações eram visíveis. Parecia apaixonada. Os olhos brilhavam, ria por qualquer coisa, tinha ânimo para tudo, nunca mais ficava ou me sentia triste, chorar então foi algo que fiquei meses sem fazer.
Por sua causa, até minhas manias se abrandaram. Deixei de ser tão organizada, metódica, e ouvi até reclamações por conta disso. Para minha surpresa, minhas maniazinhas não são tão detestáveis.
Mas aí, passou o tempo, e aquela euforia também se foi. Não sei se o cotidiano ficou mais pesado, ou se me acostumei a você. De repente, quis te largar, como um teste. Larguei, foi ruim, fiquei mal, então voltei. Mas passou um tempo, resolvi te largar de novo, e dessa vez era pra valer.
E assim, adeus Prozac. Agora não quero mais, mesmo!
Resolvi que quero ser eu mesma, sem aditivos químicos. Se eu não produzo serotonina suficiente, vou descobri-la em outro lugar. Ou ficar sem, mesmo. Tem dias que a gente está mais feliz, tem dias que são pesados. Não dá para ser feliz o tempo todo, por mais que o nosso tempo exija isso. Toma-se Prozac para tudo, não podemos ter os baixos, só os altos.
Mas eu sou assim, feita de muitos altos e baixos, e resolvi me assumir assim, irregular. Há muitas dentro de mim. Entre elas, aquela que se entristece e desanima, e não quero fazê-la sumir com uma cápsula toda manhã.
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