Uma amiga querida escreveu aqui no blog sobre o aborto. Ela é totalmente contra, e expôs suas razões para achar assim. Respeito suas ideias e concordo com alguns trechos do texto.
Mas eu não sou contra e já falei sobre isso. E tendo certeza sobre sua sabedoria, sei que não preciso concordar com ela em tudo. Só precisamos, isso sim, saber respeitar a opinião contrária. Por conta disso e por sermos pessoas que adoram um questionamento, começamos um bate-papo via mensagens que achei pertinente colocá-lo aqui. Para entender quem está "falando", meus trechos estão em verde e os dela, em azul!
Que bom que o meu texto mexeu com você. Na verdade não sei se foi o texto em si, mas o fato de eu abordar um assunto que está presente em você de alguma forma. Não discordo de nada que você escreveu, a não ser o fato de você achar que discorda de mim!
Mas eu não sou contra e já falei sobre isso. E tendo certeza sobre sua sabedoria, sei que não preciso concordar com ela em tudo. Só precisamos, isso sim, saber respeitar a opinião contrária. Por conta disso e por sermos pessoas que adoram um questionamento, começamos um bate-papo via mensagens que achei pertinente colocá-lo aqui. Para entender quem está "falando", meus trechos estão em verde e os dela, em azul!
Que bom que o meu texto mexeu com você. Na verdade não sei se foi o texto em si, mas o fato de eu abordar um assunto que está presente em você de alguma forma. Não discordo de nada que você escreveu, a não ser o fato de você achar que discorda de mim!
Cada um tem seu caminho. E, em seu caminho, as histórias acontecem à sua forma.
Eu conheço, claro, pessoas que já abortaram. Natural e de forma provocada. Não importa quem são essas pessoas, e digo no plural porque são muitas, mesmo. As que abortaram de forma natural acabam falando (até como forma de desabafo ou porque passam por questionamentos mesmo) e são consoladas, pois sofrem. As que causaram o aborto, não falam, e não são consoladas. Mas eu tenho certeza que sofrem. E sofrem não só no momento em que decidem fazer isso, mas muitas vezes, por toda a vida.
Também conheço várias pessoas que abortaram e eu nunca as julguei por isso. Acredito que essas mulheres merecem a nossa solidariedade, como todos que sofrem, porque o aborto sempre causa uma dor profunda em quem o pratica. Isso ocorre porque, à revelia do que podemos colocar segundo nossas mentes, na maioria das vezes numa visão materialista e confusa em seus conceitos e lógicas, a prática do aborto fere um instinto muito fundamental na mulher: o de prover a Vida. A Vida sempre pulsa intensamente na alma de uma mulher. E é muito triste quando uma mulher, por zil razões que não nos convém julgar, decide por esta opção. Um erro é sempre um erro, e cabe a nós aceitá-lo porque a vida é feita deles. Isso não significa que devemos ser coniventes, enquanto sociedade, com o erro, simplesmente porque por trás dele se escondem zil outros, ou porque em nome dele se espera chegar em um "bem maior".
Eu não me sinto capaz de julgar as mulheres que abortam, mesmo as que não conheço, pois eu engravidei quando eu podia bancar essa mudança na minha vida, e assim eu quis.
Mas sei que sou capaz, como ser que já errou muito nessa vida, e que ainda vai errar, de falar para todos os que se sentem mal com certas atitudes: o auto-perdão é imprescindível! Não há nada mais importante do que o amor, e o amor ao próximo não se conjuga sem o auto-amor. E o auto-amor precisa do perdão, não apenas daqueles que julgamos errar conosco, mas primeiro temos que saber nos perdoar.
Mas sei que sou capaz, como ser que já errou muito nessa vida, e que ainda vai errar, de falar para todos os que se sentem mal com certas atitudes: o auto-perdão é imprescindível! Não há nada mais importante do que o amor, e o amor ao próximo não se conjuga sem o auto-amor. E o auto-amor precisa do perdão, não apenas daqueles que julgamos errar conosco, mas primeiro temos que saber nos perdoar.
Todos erramos, isso é fato. Somos imperfeitos, e muitas vezes erramos porque não havia outro modo, para quem a gente era naquele momento. Fazemos o errado achando que estávamos fazendo certo (ou o melhor, em muitos casos), e só depois, quando amadurecemos, ou quando alguém "erra" e aquilo acaba por nos atingir, é que constatamos nossas falhas. Mas já fizemos, e não podemos mudar o que já aconteceu.
No meu entender, a partir do seu texto, pois nunca conversamos sobre esse assunto, você é contra o aborto na medida que entende ser ele um erro. Porém, se solidariza com aquelas que o praticam. Entende o desespero delas. Se solidarizar com alguém que erra é bem diferente de se aceitar que o ato não é errado. E de novo, neste aspecto nós não discordamos. Essa confusão é bem comum em assuntos como estes, que envolvem uma série de questões sociais mais complexas.
O que fazer, então? Acredito que o caminho seja, primeiro, reconhecer que não agimos da melhor forma. Se houve alguém ofendido com o erro, pedir perdão é um bom caminho. Depois, se for possível, não agir mais daquela forma. E o que conclui tudo: perdoar-se para poder seguir em frente. Tenho um livro budista que fala: "Se percebermos que estamos chafurdando em sentimentos de remorso ou culpa, poderemos concluir que provavelmente já passamos tempo demais olhando para o passado. Apego à tristeza não é melhor que à raiva ou à ganância."
Então é isso. Respeito totalmente a opinião da Neli, de verdade! Sempre tento respeitar as opiniões contrárias às minhas, eu só preciso entender os argumentos. E sei que, da mesma forma que concordei com trechos do texto dela, ela irá concordar com alguns trechos escritos aqui. Até porque é uma das pessoas mais generosas que já conheci!
O seu texto não fala do aborto, nem a favor nem contra. O seu texto fala em não julgar. O seu texto fala de aceitação e de auto-perdão, e neste sentido não temos idéias contrárias. O seu texto aborda um outro assunto que esbarra no que eu abordei na medida que, ainda que de maneira velada (neste texto), você supõe que o aborto é um erro. Veja que isso é contraditório com o que você pensa ser uma divergência entre os dois textos
Também não abordei a questão da legalização do aborto. Sempre que as pessoas abordam este tema existe uma radicalização, nada salutar, onde de um lado estão os materialistas/feministas/e vários istas e de outro os religiosos. Isso me incomoda porque pessoas que partem de pontos de vistas tão diferentes, com ideias radicais, jamais conseguirão dialogar. Ficam todos fechados. Isso não é profícuo.
Quanto à legalização eu tenho outras tantas coisas que penso e que nunca vejo ninguém falar. Quando legalizamos uma prática, seja ela qual for, ela se insere na sociedade através de suas leis, com direitos e deveres. Eu me questiono, apenas para citar um exemplo, como ficaria essa legalização no Sistema Único de Saúde (SUS) do nosso país. Nós poderemos obrigar um médico que é contra o aborto, pelos seus princípios e não apenas por conta de uma religião, obrigá-lo a praticá-lo? Seria o mesmo que obrigar uma pessoa a torturar alguém, a matar alguém, como sendo isso ofício de sua profissão. Porque para alguém que é contra o aborto, este é um crime contra a vida. Como ficaria isso na alma de uma pessoa que passou anos estudando para preservar a vida? Enfim, são muitos os questionamentos. O que me incomoda é a forma rasa com que as pessoas abordam um tema tão profundo e tão sério, na maioria das vezes por motivos mais egoístas do que verdadeiramente altruístas.
Texto escrito a 4 mãos, 2 cérebros e 2 almas: Ana Paula Giamarusti e Neli Ortega! Duas pessoas que acham que o diálogo e o questionamento são sempre saudáveis! E, acima de tudo, o respeito pelo outro!
O seu texto não fala do aborto, nem a favor nem contra. O seu texto fala em não julgar. O seu texto fala de aceitação e de auto-perdão, e neste sentido não temos idéias contrárias. O seu texto aborda um outro assunto que esbarra no que eu abordei na medida que, ainda que de maneira velada (neste texto), você supõe que o aborto é um erro. Veja que isso é contraditório com o que você pensa ser uma divergência entre os dois textos
Também não abordei a questão da legalização do aborto. Sempre que as pessoas abordam este tema existe uma radicalização, nada salutar, onde de um lado estão os materialistas/feministas/e vários istas e de outro os religiosos. Isso me incomoda porque pessoas que partem de pontos de vistas tão diferentes, com ideias radicais, jamais conseguirão dialogar. Ficam todos fechados. Isso não é profícuo.
Quanto à legalização eu tenho outras tantas coisas que penso e que nunca vejo ninguém falar. Quando legalizamos uma prática, seja ela qual for, ela se insere na sociedade através de suas leis, com direitos e deveres. Eu me questiono, apenas para citar um exemplo, como ficaria essa legalização no Sistema Único de Saúde (SUS) do nosso país. Nós poderemos obrigar um médico que é contra o aborto, pelos seus princípios e não apenas por conta de uma religião, obrigá-lo a praticá-lo? Seria o mesmo que obrigar uma pessoa a torturar alguém, a matar alguém, como sendo isso ofício de sua profissão. Porque para alguém que é contra o aborto, este é um crime contra a vida. Como ficaria isso na alma de uma pessoa que passou anos estudando para preservar a vida? Enfim, são muitos os questionamentos. O que me incomoda é a forma rasa com que as pessoas abordam um tema tão profundo e tão sério, na maioria das vezes por motivos mais egoístas do que verdadeiramente altruístas.
Texto escrito a 4 mãos, 2 cérebros e 2 almas: Ana Paula Giamarusti e Neli Ortega! Duas pessoas que acham que o diálogo e o questionamento são sempre saudáveis! E, acima de tudo, o respeito pelo outro!
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