Estava eu atrás de um caminhão de lixo por uma estrada bem bucólica. Isso não é ficção. E os lixeiros - acho que não se fala mais "lixeiro", mas no meu tempo quando aprendi, era assim - chamaram a atenção de meu filho, um bebê de quase 2 anos, que deve ter pensado algo como: "que legal, pessoas penduradas num caminhão!". Apesar de um caminhão já encantar qualquer bebê, isso porque eles não sabem avaliar como dirige um caminhoneiro, mas isso é outro assunto!
Conheci uma pessoa que, quando criança, sonhava ser lixeiro, ou, na versão politicamente correta, coletor de resíduos. Morava numa ladeira, no Ipiranga, e achava o máximo aqueles caras que corriam atrás de um caminhão, jogavam coisas nele e ainda por cima conseguiam pegar carona pendurados numa barra, soltos, ali fora. Parecia muito divertido, aos olhos dele.
Então, como chamou a atenção do meu filho, chamou a minha e então eu tive "a visão": um dos coletores estava virado para a caçamba, como sempre vi. Mas o outro, não. Ele tinha conseguido se equilibrar e estava virado para a rua. No caso, para a paisagem, que é linda! Muito verde, Ipê floridos, Primaveras! Por quê ninguém pensou nisso antes? Por que fazer os caras andarem voltados para o lixo? Ou será que tem alguém que quer, por livre espontânea vontade, olhar para o lixo, ao invés de olhar para o horizonte? Bem, quando acontece um acidente e vejo tantas pessoas fazendo questão de olhar diretamente (e muitas vezes de forma demorada), aí concluo que sim, muitos preferem mesmo olhar para o "lixo", ao invés de contemplar a paisagem.
Mas isso é uma opção individual: a gente olha para onde nossos olhos preferem. E se os olhos são a janela da alma, a alma de cada um fica mais confortável com a paisagem que quiser. Eu e esse moço (que mudou sua perspectiva e me inspirou) preferimos olhar a paisagem. O mundo sempre nos faz lembrar que tudo é possível, finito e infinito e, o mais importante: a paisagem quem faz é a gente!
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