sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Estou indignada! Mas não mexa na minha necessaire!

Sim, a essa altura do dia todos entendemos que todos estão revoltados, indignados, inconformados com a situação que acontecia no tal Instituto Royal.

Também já entendemos que todos querem adotar ou incentivar os demais a adotarem os animais que lá eram mal tratados, impiedosamente.

E, claro, eu também fiquei penalizada e acho um horror um mundo onde se faz isso com lindos cachorrinhos de uma raça tão dócil (ou de qualquer outra raça que seja).

Mas, ao menos nas notícias em que li a respeito da história, até este momento, em nenhuma delas vi quais eram os clientes do instituto. Sim, porque eles não faziam testes em animais por simples gosto pela tortura. Algumas empresas pagavam por esses testes, certo?

E quem são essas empresas? Alguém checou essa informação? E quem usa os produtos dessas empresas? Provavelmente, eu, você, e muitos dos que ficaram indignados e querem adotar os animais. 

Fui atrás e achei uns sites muito legais com listas de empresas que fazem e que não fazem testes em animais

Sempre fiquei muito indignada com trabalho escravo - cheguei a escrever um artigo sobre esse assunto com um amigo jurista, e esse trabalho foi citado num acórdão do STF (Inquérito n°2131/DF, de 23/02/2012)  - e também não concordo com empresas que produzem dessa forma.

Ninguém em sã consciência diz: "patrocino trabalho escravo!". Todos ficaram indignados com a notícia de que a Zara e a Cori, por exemplo, usavam trabalhos análogos ao de escravos em oficinas de roupas. Mas do mesmo jeito, vi a mesma postura: "Sou contra trabalho escravo!" seguido de um "Não perco um sale OFF da Zara!"

A gente não quer se sentir patrocinando atrocidades como esta. Mas enquanto o consumo não for além de simplesmente adquirir, sem questionamentos, vamos continuar, como sociedade, financiando empresas que são os clientes do Instituto Royal. Esse lugar acabará, com certeza. Mas nesse momento, quantos outros como este não existem pelo mundo, e temos seus produtos em nossas casas e necessaires? Quero deixar bem claro que não me excluo disso: por isso me sinto tão à vontade para colocar essas questões!

Estamos dispostos a mudar o nosso modo de viver, além de mostrarmos indignação sobre fatos que, nos bastidores, mesmo que de forma não proposital, estamos nós, ali, fazendo a roda girar?

PS.: Depois de publicar esse texto, continuei olhando as informações sobre a notícia da invasão, e descobri que as empresas que fazem esse tipo de testes estão protegidas por sigilo, e que, também há versões de que não havia maus tratos no local. Além disso, uma amiga, sem defender nenhum posicionamento favorável à prática dos testes, me questionou: e se os testes estivessem sendo feitos para descobrir a cura de alguma doença grave? 
Enfim, são várias as questões e pontos de vista levantados numa situação (o que sempre chama a minha atenção - adoro olhar as várias perspectivas!). 

Mas nada disso muda minha ideia sobre consumo consciente: temos que entender e questionar todo o processo daquilo que estamos consumindo! Questionar é sempre positivo!

Uma amiga também achou um artigo muito bacana sobre os testes com animais. Vale a pena ser lido!

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