Bem, o primeiro projeto que veio à minha mente foi voltar a estudar para concursos, afinal já tinha dedicado quase quatro anos da minha vida a isso, fora o tempo da faculdade, então acreditei que esse fosse o melhor caminho. Já tenho OAB, os livros estão aqui, já trabalhei no Ministério Público... Assim, quando meu filho começou a ir para a escola, voltei a estudar, em casa mesmo. Mas muitas coisas desanimavam: as mudanças todas das leis e dos editais (apesar do pouco tempo sem estudar), a desilusão com os ideais, me imaginar novamente no meio de tanta gente vaidosa e dona da verdade... Nossa, o Direito é muito cheio de donos da verdade, todos têm suas teses definitivas, e (quase) sempre se julgam superiores. Mas o concurso garante sua vida em termos financeiros e de estabilidade, e era nisso que eu me concentrava.
Sabe, eu sempre quis mudar o mundo. Um amigo que foi meu chefe chegou a me dizer que o meu problema era ser idealista demais. Acho que sim, é isso mesmo; então me concentrava no lado prático da coisa e seguia estudando. Mas o estudo é frustrante, pois enquanto você estuda, e eu sempre dizia isso no cursinho, você não se sente fazendo algo. Se você morresse ali, o que escreveriam em sua lápide? “Seria uma futura delegada, se tivesse conseguido passar?” Enfim, é uma trajetória árdua realmente, pois você não vê frutos enquanto não conseguir tomar posse no cargo almejado...
Mas mesmo assim eu continuava lendo os Códigos, afinal não tinha pressa em passar; mas tudo me parecia muito distante, e isso também desanimava...comecei a pensar: será que nasci para ficar em casa? Não que eu ficasse só em casa, mas vocês me entendem, aquela vida de motorista particular de filho...Até que uma senhora, do alto de seus 84 anos, me deu uma valiosa lição...
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